Nos últimos três Conselhos de Ministros, Moçambique assistiu a uma série de exonerações que abalaram a liderança de várias empresas públicas e instituições governamentais. Esta onda de substituições, que atingiu entidades como a Electricidade de Moçambique (EDM), Aeroportos de Moçambique, Instituto Nacional das Telecomunicações de Moçambique (INCM) e Instituto Nacional dos Transportes Rodoviários (INATRO), parece estar longe do fim.
Exonerações Recentes e Impacto
Entre os próximos na lista de possíveis exonerações estão Castigo Álvaro Cossa, PCA da Águas da Região Metropolitana de Maputo (AdRMM), e Victor Tauacale, Diretor-Geral do Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG). Ambos são criticados por cortarem o abastecimento de água a mais de vinte escolas em Maputo devido a dívidas acumuladas, forçando algumas instituições a encerrar casas de banho e a solicitar contribuições dos pais, num momento crítico com o retorno da Covid-19.
Políticas de Corte e Suas Consequências
A prática de cortes de serviços essenciais não é inédita. Marcelino Gildo, ex-PCA da EDM, também adotou medidas semelhantes, cortando o fornecimento de energia a instituições públicas com dívidas, incluindo escolas e hospitais. No entanto, alguns ministérios, como o de Recursos Minerais e Energia, com dívidas significativas, escaparam aos cortes, gerando indignação e acusações de favoritismo.
Outros Casos Notáveis
- INCM: Tuaha Mote foi substituído por Helena Tubas após uma gestão controversa que incluiu a implementação de um decreto para aumento das tarifas de internet, medida que foi fortemente contestada pela sociedade e posteriormente suspensa pelo Governo.
- Aeroportos de Moçambique: Enfrentam uma crise financeira grave, exacerbada por uma dívida de 130 milhões de dólares para a construção do Aeroporto de Nacala. A empresa acumula dívidas superiores a 800 milhões de meticais, resultado do impacto da pandemia da Covid-19.
- INATRO: Sob a liderança de Chinguane Mabote, recentemente exonerado, o instituto enfrenta dificuldades crónicas no setor de transporte, sem soluções estruturais à vista.
Reflexões e Desafios
A sociedade civil critica a falta de água nas escolas como um reflexo dos problemas estruturais no setor da educação, questionando por que as empresas não buscam soluções junto ao Governo antes de adotar medidas extremas. A situação destaca a necessidade urgente de políticas mais equitativas e soluções sustentáveis para evitar que serviços essenciais sejam interrompidos, prejudicando a população e o funcionamento do Estado.