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Tribunal Revela Detalhes Escandalosos sobre Fraude na EMATUM

No julgamento do processo das dívidas ilegais em Moçambique, a audição de Cristina Matavel, antiga diretora executiva da EMATUM, revelou detalhes chocantes sobre a fraude que envolveu a empresa e a fornecedora Privinvest.

Testemunho de Cristina Matavel

Cristina Matavel, que foi gestora financeira e depois diretora executiva da EMATUM até janeiro de 2016, apresentou ao tribunal um testemunho sereno e bem detalhado, com datas e números precisos. Ela revelou que a Privinvest vendeu 24 barcos de pesca à EMATUM, mas esses barcos apresentavam graves defeitos e estavam mal equipados.

Problemas com os Barcos

Quando os barcos chegaram em 2014, Moçambique não tinha tripulações treinadas para operá-los. A EMATUM teve que contratar pescadores estrangeiros para capitanear os barcos e treinar equipas locais. No entanto, a inspeção do INAMAR revelou que os barcos estavam incompletos, faltando componentes essenciais como camas para as tripulações. Mesmo após notificações à Privinvest, os problemas não foram resolvidos, e os barcos seguintes chegaram com os mesmos defeitos.

Dificuldades na Pesca

Os problemas não se limitavam aos barcos. A lula necessária para servir de isca ao atum não existia nas águas moçambicanas e precisava ser importada da Europa. Alternativas locais, como o carapau, também não eram adequadas, pois o atum preferia espécies encontradas na costa da Namíbia.

Custos Inflacionados

Os custos de seguros e taxas de amarração dos barcos estavam exorbitantemente inflacionados. A EMOSE cobrava 44.000 dólares por trimestre por barco, com base em valores inflacionados pela Privinvest. Além disso, os barcos, que deveriam estar no mar, passavam mais tempo atracados, incorrendo em taxas de amarração de 258 dólares por dia, levando ao colapso final do negócio em dezembro de 2015.

Componentes de Segurança Imaginários

Cristina Matavel negou a existência de componentes de segurança secretos na EMATUM, contrariamente ao que foi alegado por Apolinário Panguene, ex-presidente do IGEPE. Panguene afirmou que foi impedido de entrar na cave da EMATUM por Matavel, mas ela refutou categoricamente essa alegação, destacando que o edifício da EMATUM não tinha cave.

Conclusão

Quando questionada sobre sua exoneração em janeiro de 2016, Matavel respondeu que espera descobrir a razão no final do julgamento. A revelação de tais detalhes destaca a magnitude da fraude e as falhas na preparação e gestão do projeto da EMATUM, pintando um quadro de corrupção e incompetência que custou caro a Moçambique.

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